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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Desabamento de prédios no Rio de Janeiro

Advogado de empresa afirmou que exigência de laudo para obra em prédio que desabou seria "capricho" do síndico

Rodrigo Teixeira*
Do UOL, no Rio

O advogado da empresa TO - Tecnologia Organizacional, Jorge Willians, afirmou durante entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (27), que a exigência de um laudo técnico para as obras que ocorriam no nono andar do edifício Liberdade seria um "capricho do síndico", pois, segundo ele, as reformas realizadas não necessitavam de tal autorização. Três prédios desabaram no centro do Rio de Janeiro na última quarta-feira (25) e deixaram mais de 10 mortos.

Prédios desabam no centro do Rio de Janeiro




Foto 83 de 134 - 26.jan.2012 - Alexandro da Silva Fonseca Santos escapou com vida do desabamento por ter ficado dentro do elevador. Ele recebeu alta hoje do hospital Souza Aguiar. Três prédios do centro do Rio de Janeiro desabaram na noite de quarta-feira (25) Mais Fernanda Dias/Agência O Globo
O sócio-diretor da empresa, Sérgio Alves, disse que "jamais existiu omissão por parte da TO". Ele ainda relatou que há 11 funcionários envolvidos na tragédia, entre mortos e desaparecidos.

O síndico do edifício Liberdade, de 20 andares, exigia um laudo técnico assinado por um engenheiro mais a planta com as modificações propostas pela reforma ou um engenheiro que ficasse responsável pela obra.
Segundo Willians, a TO optou por entregar um laudo mais a planta com as mudanças, porém, o documento não havia ficado pronto porque a mãe do engenheiro que assinaria --Paulo Brasil-- teria ficado doente.

Além disso, segundo o advogado, a planta com as modificações propostas pela obra foi feita por uma funcionária da TO, que não é engenheira.

Responsabilidade

O delegado Alcides Alves Pereira, da 5ª Delegacia de Polícia Civil (Mem de Sá), que investiga as causas do desabamento de três prédios no centro do Rio, afirmou nesta sexta-feira (27) que os responsáveis pelo acidente podem pegar de um a quatro anos de detenção só pelo desmoronamento.
“Quem quer que seja responsabilizado poderá ser indiciado por desmoronamento e desabamento qualificado”, disse, referindo-se ao artigo 256 do Código Penal. A punição seria referente apenas ao desmoronamento e não às mortes registradas.
Pereira, entretanto, evitou falar em possíveis causas do acidente. “Estamos aguardando a perícia e, enquanto isso, realizando acompanhamento permanente dos trabalhos de resgate. A investigação está sendo feita de forma geral, e ainda não podemos falar sobre possíveis causas. Todas as evidências que possam ajudar na investigação serão apuradas e checadas”, afirmou.

De acordo com ele, a Polícia Civil investigará apenas a responsabilidade penal, que é resultante de crimes contra a pessoa. As questões que envolvem danos materiais não serão apuradas pela Polícia Civil.

O síndico do prédio Liberdade --edifício de 20 andares que desabou e levou dois prédios vizinhos--, Paulo Renha, chegou à delegacia para depor por volta de 16h40, acompanhado de vários advogados.

Outros depoimentos

Onze pessoas já prestaram depoimento. Um dos depoentes foi o operário Alexandre da Silva Fonseca, 31, que trabalhava em uma reforma no 9º andar de um dos edifícios e que foi resgatado com vida dentro de um elevador.
Alexandro disse mais cedo que a reforma que ocorre há duas semanas e meia serviu apenas para remover algumas paredes de alvenaria com a finalidade de trocar dois banheiros de lugar. O operário não soube, no entanto, dizer se havia um engenheiro responsável pela reforma no prédio de 20 andares. “Acho que a obra não provocou o desmoronamento do prédio, porque nós não mexemos em nenhuma contenção [estrutura]”, afirmou.
O operário contou que eles trabalhavam sempre à noite e a pessoa com quem ele conversava era uma mulher chamada Cristiane, mas Alexandro não soube dizer se ela era engenheira ou não. "O pessoal grandão não ia falar comigo sobre quem era o engenheiro, a menina que falava com a gente era a Cristiane e me pedia apenas para eu auxiliar no trabalho", contou. Ele também afirmou que eles utilizavam uma planta para a reforma, mas não soube dar detalhes.

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